Saiba o que é sonambulismo em crianças, suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e como prevenir. Conheça as recomendações do neuropediatra Dr. Gabriel De Lellis Neto.
O que é o Sonambulismo?
Sonambulismo em crianças é uma parassonia caracterizada por episódios de deambulação (caminhar) ou outros comportamentos complexos durante o sono, geralmente ocorrendo durante o sono de ondas lentas (NREM, estágio 3). Durante esses episódios, a criança pode levantar-se da cama, andar pela casa, realizar ações rotineiras em locais inadequados e apresentar confusão mental, olhos abertos, fala incoerente e respostas inadequadas a perguntas. Tipicamente, há amnésia total ou parcial do evento após o despertar, e a criança pode parecer desorientada ou agitada se acordada durante o episódio.
Com que frequência atinge as crianças?
A prevalência do sonambulismo aumenta progressivamente na infância, atingindo cerca de 13% por volta dos 10 anos, e tende a diminuir na adolescência. A maioria dos casos é benigna e autolimitada, com resolução espontânea em grande parte das crianças. Fatores como privação de sono, febre, estresse, história familiar e distúrbios respiratórios do sono podem aumentar o risco ou a frequência dos episódios. Segundo a American Psychiatric Association, a prevalência anual de episódios de sonambulismo em crianças é de aproximadamente 5%, sendo que até 30% podem apresentar pelo menos um episódio durante a infância.
Pode ser algo genético?
A herança familiar é marcante: crianças com pais que foram sonâmbulos têm risco 3 a 7 vezes maior de apresentar sonambulismo.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, baseado na história detalhada e, se necessário, registro em vídeo dos episódios. Polissonografia é indicada em casos atípicos ou quando há suspeita de outros distúrbios do sono ou comorbidades associadas. Entre as comorbidades associadas, destacam-se os distúrbios respiratórios do sono, especialmente a apneia obstrutiva do sono (AOS) e o sono fragmentado por microdespertares.
E o tratamento?
O tratamento inicial consiste em medidas comportamentais, como garantir ambiente seguro e evitar privação de sono. Em casos persistentes ou potencialmente perigosos, pode-se considerar intervenções como despertares programados. Medicamentos raramente são necessários e devem ser usados em situações excepcionais. Muitas vezes é necessário o tratamento do distúrbio respiratório subjacente, como adenotonsilectomia em casos de hipertrofia adenotonsilar, o que pode levar à resolução dos episódios de sonambulismo.
Outras comorbidades relevantes incluem síndrome das pernas inquietas, TDAH e epilepsia, que também podem aumentar a fragmentação do sono e precipitar parasomnias. Portanto, o rastreamento clínico deve ser abrangente, incluindo investigação de sintomas respiratórios, comportamentais e neurológicos.
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Fonte: scempauta.com.br

























